A independência de uma mulher

Publicada por Patricia

Colleen McCullough decidiu neste livro retormar a história das irmãs Bennet, que Jane Austen nos tinha apresentado em Orgulho e Preconceito.

Dezassete anos depois encontramos as 5 irmãs:

> Jane Bennet continua casada com Mr. Bingley, cultivando uma inúmera prole.

> Elisabeth e Mr. Darcy vivem dias conturbados no seu casamento, agravados pelas inúmeras filhas e um único filho varão, que não corresponde ao ideal do pai.

> Lydia, na ausência do seu marido em guerra, entra numa espiral destrutiva de bebida e homens;

> Kitty, viuva, dedica-se ao cultivo da moda e das relações sociais.

> E por fim, Mary, que conhecíamos pelo desastre ao piano, será a grande personagem deste livro. Depois de passar os últimos dezassete anos a cuidar da mãe, com o seu falecimento decide tomar as rédeas da sua vida, dando origem a acção principal deste livro.

Pessoalmente sou uma grande fã dos livros da Jane Austen e gosto sempre de reencontrar as personagens que me são queridas. Por isso, foi com grande entusiasmo que peguei neste livro, até porque gosto imenso da escrita de Colleen McCullough que já conhecia de Pássaros Feridos e de Tim.

Para mim a personagem de Mary foi uma verdadeira surpresa, não só pela evolução face à obra de Jane Austen mas também pela forma como se desenvolve ao longo do livro.

Com a recém adquirida liberdadem Mary decide encetar uma aventura, que resulta em peripécias um tanto ou quanto irrealistas que na minha opinião constituem um dos pontos fracos do enredo.

Ainda assim, Mary, de uma personagem decidida mas um pouco ingénua no inicio do livro, terminamos com uma mulher cheia de garra. Provavelmente na mais forte das irmãs Bennet.

Apesar do irrealismo de algumas situações, a autora consegue prender o leitor e no fim, temos um final que deixa um sorriso nos lábios.

A ilha das trevas

Publicada por Patricia

A acção decorre em Timor Leste, começando em 1974 com a declaração de independência da colónia Portuguesa.

A esta declaração seguiu-se um conjunto de acontecimentos e estratégias políticas que deram origem à invasão Indonésia que só terminou em 2002.

Neste livro, José Rodrigues dos Santos parte de uma base histórica e constrói algumas personagens ficcionais que nos levam a conhecer a tragédia que ocorreu em Timor durante os anos de invasão.

Em poucos anos a população passou de 700 mil pessoas para 500 mil. A causa? Fome, genocídio, matança indiscriminada.

Este livro permite-nos conhecer melhor a história deste país tão ligado ao nosso, de uma forma mais lúdica, ainda assim pesada, pelos relatos descritos. Pela brutalidade das acções militares.

Pessoalmente considerei esta vertente histórica bastante interessante, dado que aquando os acontecimentos, a minha idade só me permite ter uma recordação vaga dos minutos de silêncio e velas acesas.

Com uma escrita fácil e bem encadeada, a ilha das trevas faz uma junção perfeita entre realidade e ficção.

A sombra do vento

Publicada por Patricia


Daniel, de 10 anos (quase 11), é conduzido pelo pai a um sítio mágico, conhecido por poucos... O cemitério dos livros esquecidos. Entre corredores e prateleiras e escadas, qual labirinto, Daniel encontra o livro que sempre esperara por ele - A sombra do vento de Julian Carax.  Neste momento inicia-se todo um percurso que girará à volta do mistério que segue as obras deste autor (desconhecidas por quase todos).

Com o objectivo de perceber melhor o autor, Daniel inicia uma busca pelos livros, pelo homem, pela história. Aqui e ali, ajudado por alguns aliados, vai mergulhando no mistério enquanto se faz homem. Enquanto constrói a sua própria história, torna-se impossivel fugir aos paralelismos com a história do autor misterioso, mas talvez desta vez, só desta vez, o desenlance seja melhor, ou talvez nao...

Já há uns tempos que tinha curiosidade para ler este livro, que correspondeu totalmente (se nao superou) todas as minhas expectativas.

É uma história que prende o leitor do inicio ao fim, tal como Daniel queremos saber mais, descobrir a história de Julian Carax e dos livros queimados.
Quando cheguei ao fim, foi como despedir-me de um amigo.

Sem duvida, recomendo.

Cem anos de solidão

Publicada por Patricia

Nos cem anos de solidão de Gabriel García Márquez vão seguir a história da família Buendia.À medida que se desfolheia o livro, conhece-se toda uma sequência de novas personagens que fazem parte desta família ao longo de cem anos. Homens que um após os outros são batizados de Aureliano ou José Arcadio. Mulheres batizadas Amaranta, ou Úrsula ou Remédios.

Há medida que as personagens envelhecem, vão alterando as suas personalidades, vão se refugiando na solidão, formando um circulo.

E á medida que a memória da tetra avó Ursula se confunde nas histórias também o leitor se perde no meio de tantas personagens, com tantos nomes similares, com o autor a transmitir ao leitor com maestria a mesma sensação que teria a personagem.

Pessoalmente senti-me tentada a desenhar a árvore genealógica da família inúmeras vezes, para saber onde estava.

Não se tratando de um livro fácil, foi uma leitura que gostei, pela maneira como as vidas e histórias se entrelaçam, até as memórias das personagens desaparecerem.

Só os feios é que são fiéis

Publicada por Patricia

Há uns tempos estive presente num workshop de escrita creativa, em que o professor era igualmente escritor – Pedro Chagas de Freitas.

No passado mês de Novembro, Pedro Chagas de Freitas fez um lançamento inédito: dez livros de uma vez, em estilos que vão desde crónicas a poesia, passando por narrativa. Estive presente no lançamento, que teve lugar no bar Fiés ao Bar do Rio, e de lá trouxe um dos 10 livros: “Só os feios é que são fiéis”.

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Trata-se de um livro de crónicas, que segundo o autor não tem bolinha (ao contrário de muitos dos outros lançados na mesma noite).

Ainda assim, para quem lê algo do autor pela primeira vez pode parecer bastante forte. Não há uso de meias palavras, calão é usado com frequência. Muitas das crónicas poderão denotar um narcisismo extremo.

Mas a maneira com que as palavras são usadas, como se joga com os múltiplos sentidos, como se coloca de uma maneira pouco convencial opiniões e teorias que até fazem muito sentido , é genial.

Uma das apresentadoras do evento mencionou que o autor não é nada do que escreve, que é um fingidor. Que gosta de chocar. Que tudo o que escreve é provocante, e tenciona provocar reacção. E definitivamente atinge o seu objectivo.

Aconselho vivamente. Pedro Chagas de Freitas é também o seu próprio editor, pelo que podem encontrar os livros online e não numa qualquer livraria convencional.

Deixo uma das minhas passagens favoritas:

“Respira a criança que ri. Olha-a nos olhos, sente-lhe o sonho, a esperança, o futuro. Sente, nela, que vale a pena continuar, que vale a pena tudo o resto para que algo assim te caia nas mãos – para que algo assim te caia nos olhos.

Respira a chuva que cai, o sol que aquece, o vento que empurra. Respira o cheiro da terra húmida, a imponência da árvore erguida, a magia das asas de um pássaro. Respira – para saberes que vale a pena continuar.

Respira o sabor de um beijo, o toque de um afago, o som de um arfar. Respira a mão de fogo de quem te ama, o suor em êxtase de quem te chama. E o abraço de que não passa, e as palavras que te embraçam, e os olhares que te apertam. Respira – para saberes que vale a pena continuar.

Respira ainda quem tens contigo, quem te quer, quem te cuida, quem te acompanha. Respira também quem não tens contigo, quem gostavas de ter contigo e partiu sem nunca deixar de ficar, quem queres e não te quer mas que por existir te faz existir. Respira a tristeza como respiras a felicidade, a saudade como respiras a presença. Respira o que faz parte da tua vida – porque é o que faz parte da tua vida que te faz sentir vivo. Respira - para saberes que vale a pena continuar.”

Heart’s Blood

Publicada por Patricia

 

imageMais um livro de fantástico escrito de uma forma totalmente viciante por Juliet Marillier.

Começamos com um prefácio. Para os leitores pode soar estranho – ouvimos uns quantos nomes desconhecidos, é nos descrita uma cena difícil de enquadrar.

Depois voltamos ao inicío, uma jovem que sabe ler e escrever (uma qualidade rara para a época) encontra-se na estrada, a caminho de longe, longe de casa.

Arranja um emprego como escriba numa herdade, isolada no topo de um monte, temida por todos por acontecerem coisas estranhas.

A história vai-se desenrolando e a nossa heroína descobre uma família, e descobre que nem tudo é o que parece.

Um livro com muita acção, com criaturas fantásticas e com uma bonita história de amor, ao jeito único de Juliet Marillier.

Recomendo!

Mistério em Connellsville

Publicada por Patricia

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Hoje não venho deixar um comentário a um livro (pelo menos ainda). Venho apenas divulgar um livro recentemente publicado pela editora Papiro de uma jovem escritora portuguesa. Deixo-vos com o texto que pode também ser encontrado no blogue do projecto: www.misterioemconnellsville.blogspot.com

Título: Mistério em Connellsville
Autor: Beatriz Neves Barroca
Biografia do Autor: Maria Beatriz Afonso Neves Barroca nasceu no dia 7 de Maio de 1993, na cidade da Guarda. Actualmente reside em Tomar e estuda no 11º ano do curso de Línguas e Humanidades na Escola Secundária com 3º ciclo de Santa Maria do Olival. Desde cedo, a leitura e escrita foram companheiros inseparáveis nos seus tempos livres. O sonho de escrever um livro vinha de longe e pôde concretizar-se agora. Para além da leitura e da escrita, a música, o cinema e o teatro são outras das suas paixões. Mistério em Connellsville, escrito durante o Verão de 2009, surge em parte pelo fascínio que a autora sente pela atmosfera enigmática daquela zona dos Estados Unidos da América.
Editora: Papiro Editora
Edição: Dezembro de 2009
O livro relata a história de uma rapariga, Magnólia, que vivia em S. Francisco, na Califórnia e se muda para a Pensilvânia, Connellsville. Lá, ela depara-se com estranhos desaparecimentos de raparigas da sua escola e começa a investigar.

Sinopse: "Acordei agitada e minutos depois o despertador tocou. Tinha tido um pesadelo. Sonhei que estava na escola vazia e que um homem encapuzado levava uma rapariga. Eu via-os mas eles não me viam a mim. Era como se fosse um filme. "Andas demasiado envolvida neste assunto..." pensei, censurando-me. (...) Esboçámos um aceno e fomos para o carro. Abri a porta e sentei-me no banco. Estremeci e a memória do sonho dessa noite assaltou-me com um flash."