Capitães da Areia

Publicada por Patricia

untitledDemorei algum tempo até abrir este livro porque a ideia de ler em português do Brasil não me agradava muito. No entanto acabou por ser bem melhor do que estava à espera. Jorge Amado é um mestre a contar histórias e quando dei por mim estava completamente presa nas aventuras dos pequenos capitães da areia.

Este livro conta a história de um grupo de meninos que pelas mais diversas circunstâncias se viram sem família e obrigados a cuidar deles próprios. Vivem na rua, passando a noite no trapiche abandonado, e pilham durante o dia para sobreviver. Crianças que vivem como homens, que conhecem o mundo como homens, são punidos como homens, mas ainda assim são apenas meninos no intimo dos seus corações. Neste livro seguimos as aventuras de Pedro Bala, o chefe; João Grande, pouco inteligente mas bom;  Professor, apaixonado pela leitura e pintura; Pirulito, devotado à religião; Gato, o mais vaidoso; Sem Pernas, alimentado por um ódio profundo; Boa Vida, que prefere passar o tempo estirassado na areia e Volta Seca, admirador incondicional de um grupo de assaltantes. Cada um destes meninos é muito particular na sua maneira de ser, mas todos são unidos por um sentimento de companheirismo que os acaba por tornar numa família.

O livro está dividido em três partes: na primeira são apresentados alguns meninos; na segunda aparece uma outra personagem, que de uma maneira ou de outra vai tocar no coração de cada um deles e na última são apresentados os percursos de alguns deles depois de abandonarem o bando.

"Olhou para o trapiche. Não era como um quadro sem moldura. Era como a moldura de inúmeros quadros. Como quadros de uma fita de cinema. Vidas de luta e coragem. De miséria também."

O Pequeno Herói

Publicada por Patricia

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"O Pequeno Herói" é um conto que Dostoievski escreveu quando esperava que a sua pena de morte fosse consumada. Conta a história de um jovem que vive a descoberta do seu primeiro amor.

Pessoalmente não gostei particularmente do conto, não é nada por aí além. Mas este também não é o meu género preferido. Prefiro narrativas mais longas onde se pode explorar cada personagem e a própria acção. Ainda assim, é evidente que quem escreveu o conto, não é um escritor qualquer. A qualidade da escrita está presente em cada parágrafo. Espero ter a oportunidade de ler outra obra deste autor :-)

O sonhador

Publicada por Patricia

Este é um pequeno grande livro de Ian McEwan. Assim que o comecei a ler pensei que se o tivesse que comparar com algo que já tivesse lido a escolha recaía em O Principezinho. Neste livro seguimos a visão do mundo de um menino de dez anos, Peter, que passa grande parte do seu tempo perdido nas histórias mirabolantes que acontecem dentro da sua cabeça. A sua visão do mundo faz-nos sorrir e faz-nos recordar a nossa própria maneira de ser com aquela idade. Para mim não é dificil compreender o Peter, eu também fui uma criança que construía constantemente histórias, aliás ainda sou um pouco assim.

6pb57lDeixo duas passagens que achei deliciosas:

"Quanto a estar sozinho, também é uma coisa que não agrada muito aos adultos. Nem sequer gostam que os outros adultos estejam sozinhos. Quando as pessoas estão em grupo, percebe-se o que estão a fazer. Normalmente estão todas a fazer a mesma coisa."

"Sentou-se na cama e pensou nos velhos tempos em que dormira ali. Era uma autêntica criança. Nove anos! Que podia ele saber da vida? Se ao menos aquela pessoa de dez anos pudesse voltar atrás e explicar aquele idiota inocente como as coisas eram..."

Mansfield Park

Publicada por Patricia

Até ao momento já havia visto dois filmes baseados na obra de Jane Austen e lido os respectivos livros: Orgulho e Preconceito e Sensibilidade e Bom Senso. Definitivamente os livros são muito melhores do que os filmes, particularmente no caso desta autora. A obra de Jane Austen tem uma acção interna mais rica do que a externa, o que acaba por se traduzir em filmes parados mas em livros maravilhosos. Outro aspecto que gosto particularmente dos livros da autora é o contexto histórico, que ao corresponder à época em que o livro foi escrito, e não resultando de uma investigação, nos consegue absorver completamente. A ironia com que são abordados os vicios e virtudes da época também não deixa ninguém indiferente.

mainfield parkRelativamente ao livro Mansfield Park propriamente dito, tenho a dizer que gostei bastante. Neste livro seguimos a história de Fanny Price, que nascida numa família numerosa foi acolhida por uma das tias em Mansfield. O mundo em que Fanny se movimenta é constituido pela família Bertram: Mr Thomas Bertrand, o tio rigido, mas de bom coração; Mrs Bertrand, a tia de saúde frágil que dispende o seu tempo de forma indolente, e encontra em Fanny um apoio; Maria Bertrand, a mais velha das primas, conhecida pela sua beleza mas por um carácter pouco bondoso, assim como a sua irmã mais nova Júlia. Existem ainda dois outros primos: Tom, o mais velho e o tipico bon vivan e Edmund, o segundo filho que ao ser sempre gentil com Fanny acaba por se tornar o seu cúmplice na casa, assim como no alvo dos seus sentimentos amorosos. Neste circulo familiar inclui-se ainda Mrs Norris, a outra tia, extremamente sovina e que fez sempre questão de tratar Fanny como alguém inferior.

Ao longo do livro vamos assistindo à interacção das personangens e ao seu crescimento ao longo de sete anos. Outras personangens vão assumindo papéis bastante importante na acção como Henry Crawford, que conquista o amor das duas irmãs, acabando por as preterir a ambas e a cortejar posteriormente a sua prima, e Mary Crawford, que conquista o coração de Edmund.

Não gostei particularmente da personalidade da heróina. Fanny é demasiado timida, demasiado fechada em si mesmo, demasiado servil e com demasiados complexos de inferioridade. Muitas das suas acções ou preocupações resultam da obrigação que sente em estar grata. Ainda assim, compreendo que as suas características vão ao encontro do que era esperado de uma jovem na altura em que o livro foi escrito. Mas apesar dos traços gerais, gostei de algumas das suas atitudes, como ter recusado o pedido de casamento de Henry Crawford apesar de todas as vozes em sentido contrário.

Bem, e mais não digo... confirmem por vocês próprios. Deixo apenas uma citação:

"If any one faculty of our nature may be called more wonderful than the rest, I do think it is memory. There seems something more speakingly incomprehensible in the powers, the failures, the inequalities of memory than any other of our intelligences. The memory is sometimes so retentive, so serviceable, so obedient - at others, do bewildered and so weak - and at others again, so tyrannic, so beyond control!"

O Segredo de Cibele

Publicada por Patricia

Cibele

Uma jovem, uma éfige quebrada de uma antiga deusa, uma mulher sofisticada, a cidade de Istambul, um barco com velas encarnadas, um homem com a face atravessada por uma cicatriz, um pirata com um lenço vermelho, um livro antigo com um código secreto, uma fonte, uma gárgula, uma velha vestida de negro... estes são alguns elementos que podemos encontrar na capa do último livro de Juliet Mariller e que ilustram muito bem a história que encontramos ao virar de cada página.

Paula, a irmã erudita que já haviamos descoberto em Danças na Floresta, acompanha o pai a Istambul para adquirir um objecto que pertencera ao culto da Deusa Cibele e que tem a fama de conceder fortuna a quem o possuir. Nesta cidade vê-se na necessidade de contratar um guarda costas, sendo o eleito o búlgaro Stoyan. Durante a sua estadia, Paula também trava conhecimento com o pirata português Duarte Aguiar e com a erudita Irene de Volo. No decorrer da história, a aquisição da peça vê-se envolta em diversas complicações, existindo pessoas na corrida sem quaisquer escrúpulos. Ao mesmo tempo, vai-se desenrolando uma relãção entre Paula e Stoyan que nada tem a ver com a tipica relação patroa empregado. Durante todo este tempo, Paula é guiada por sinais de habitantes do Outro Mundo, incluindo a sua irmã Tati, que havia desaparecido à seis anos. Por fim, Paula, Stoyan e Duarte empreendem uma viagem até uma aldeia isolada de forma a devolver a éfige da deusa à sua origem.

Depois de ter lido todos os livros de Juliet Marillier, não aponto este último como um dos melhores (a preferência vai para a Filha da Floresta e para Espada de Fortriu). No entanto, não deixa de ser um bom livro, em que a magia e o fantástico acompanham as personagens a cada passo. O trio amoroso criado pela autora também está bem conseguido, deixando os leitores sem saberem por quem torcer. A maneira como Juliet Marillier expressa as ideias e emoções não deixa ninguém indiferente, conseguindo criar uma identificação.

"Nunca mais lhe poderia tocar nos ombros fortes, nunca mais lhe sentiria a presença quente a meu lado, nunca mais o veria quando olhasse para cima. Aquela era a última noite. Enquanto a música não acabasse, podia fingir que não teríamos de dizer adeus um ao outro".

O Pântano da Meia Noite

Publicada por Patricia

" Depois de ter sonhado com a compra de Manet Hall durante vários anos, Declan Fitzgerald decide-se finalmente a dar esse passo. Larga o seu escritório de advogado em Boston e dispõe-se a dar início à imensa tarefa de restaurar a casa. Algum tempo depois, o jovem começa a interrogar-se sobre a veracidade de alusões ao facto de a casa estar assombrada...
Sente uma crescente angústia, como se a casa fosse refém de um terror e de uma tristeza que nada nem ninguém podem controlar. A bela vizinha Angelina consegue distraí-lo desses pensamentos sombrios, mas também ela tem uma estranha relação com Manet Hall. E, para que ambos possam entregar-se à mútua paixão, será necessário desvendarem um segredo do passado, tão oculto e negro quanto o próprio pântano."

Este é mais um romance de Nora Roberts. Escrito com o mesmo estilo, mas com um toque de mistério ao longo da história. Desta feita, as personagens centrais movem-se num ambiente em que são colocadas hipóteses como fantasmas e reencarnação. Devido a esta perspectiva o desfecho da história mantém-se por algum tempo nublado, ao contrário da generalidade dos romances.

Saliento pela positiva os pequenos pormenores que interligam as personagens ao longo do tempo, seja o relógio de bolso ou o relógio pendurado com as duas asas. Assim como o simbolismo que a meia noite assume ao longo de todo o livro.

Ainda assim, após ter lido dois livros da autora, devo dizer que não entra para a lista dos meus autores favoritos. As histórias não são más, as personangens não estão mal construídas, mas ainda assim falta um quê de magia que normalmente está associado a este género literário. É apenas mais um livro.


Livros

Publicada por Patricia

Ler pode ser um verdadeiro vicio. Encontrar pessoas que partilham do mesmo gosto é magnifico. Ler as opiniões de outras pessoas, aceitar sugestões para próximos livros é simplesmente inestimável. Por isso, por consultar tantos blogues exclusivamente sobre livros é me dificil resistir à tentação de juntar os meus comentários num único sitio. Desta forma, apesar de continuar a publicar os meus comentários sobre livros no meu outro blogue, passarei a colocar simultaneamente aqui. Por uma questão de coerência colocarei só os livros lidos a partir do inicio de 2009, até porque só a partir desta altura é que ganhei o hábito de ir escrevendo comentários acerca do que vou lendo. Sejam bem vindos ao meu mundo dos livros.