Até ao momento já havia visto dois filmes baseados na obra de Jane Austen e lido os respectivos livros: Orgulho e Preconceito e Sensibilidade e Bom Senso. Definitivamente os livros são muito melhores do que os filmes, particularmente no caso desta autora. A obra de Jane Austen tem uma acção interna mais rica do que a externa, o que acaba por se traduzir em filmes parados mas em livros maravilhosos. Outro aspecto que gosto particularmente dos livros da autora é o contexto histórico, que ao corresponder à época em que o livro foi escrito, e não resultando de uma investigação, nos consegue absorver completamente. A ironia com que são abordados os vicios e virtudes da época também não deixa ninguém indiferente.
Relativamente ao livro Mansfield Park propriamente dito, tenho a dizer que gostei bastante. Neste livro seguimos a história de Fanny Price, que nascida numa família numerosa foi acolhida por uma das tias em Mansfield. O mundo em que Fanny se movimenta é constituido pela família Bertram: Mr Thomas Bertrand, o tio rigido, mas de bom coração; Mrs Bertrand, a tia de saúde frágil que dispende o seu tempo de forma indolente, e encontra em Fanny um apoio; Maria Bertrand, a mais velha das primas, conhecida pela sua beleza mas por um carácter pouco bondoso, assim como a sua irmã mais nova Júlia. Existem ainda dois outros primos: Tom, o mais velho e o tipico bon vivan e Edmund, o segundo filho que ao ser sempre gentil com Fanny acaba por se tornar o seu cúmplice na casa, assim como no alvo dos seus sentimentos amorosos. Neste circulo familiar inclui-se ainda Mrs Norris, a outra tia, extremamente sovina e que fez sempre questão de tratar Fanny como alguém inferior.
Ao longo do livro vamos assistindo à interacção das personangens e ao seu crescimento ao longo de sete anos. Outras personangens vão assumindo papéis bastante importante na acção como Henry Crawford, que conquista o amor das duas irmãs, acabando por as preterir a ambas e a cortejar posteriormente a sua prima, e Mary Crawford, que conquista o coração de Edmund.
Não gostei particularmente da personalidade da heróina. Fanny é demasiado timida, demasiado fechada em si mesmo, demasiado servil e com demasiados complexos de inferioridade. Muitas das suas acções ou preocupações resultam da obrigação que sente em estar grata. Ainda assim, compreendo que as suas características vão ao encontro do que era esperado de uma jovem na altura em que o livro foi escrito. Mas apesar dos traços gerais, gostei de algumas das suas atitudes, como ter recusado o pedido de casamento de Henry Crawford apesar de todas as vozes em sentido contrário.
Bem, e mais não digo... confirmem por vocês próprios. Deixo apenas uma citação:
"If any one faculty of our nature may be called more wonderful than the rest, I do think it is memory. There seems something more speakingly incomprehensible in the powers, the failures, the inequalities of memory than any other of our intelligences. The memory is sometimes so retentive, so serviceable, so obedient - at others, do bewildered and so weak - and at others again, so tyrannic, so beyond control!"
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