Demorei algum tempo até abrir este livro porque a ideia de ler em português do Brasil não me agradava muito. No entanto acabou por ser bem melhor do que estava à espera. Jorge Amado é um mestre a contar histórias e quando dei por mim estava completamente presa nas aventuras dos pequenos capitães da areia.
Este livro conta a história de um grupo de meninos que pelas mais diversas circunstâncias se viram sem família e obrigados a cuidar deles próprios. Vivem na rua, passando a noite no trapiche abandonado, e pilham durante o dia para sobreviver. Crianças que vivem como homens, que conhecem o mundo como homens, são punidos como homens, mas ainda assim são apenas meninos no intimo dos seus corações. Neste livro seguimos as aventuras de Pedro Bala, o chefe; João Grande, pouco inteligente mas bom; Professor, apaixonado pela leitura e pintura; Pirulito, devotado à religião; Gato, o mais vaidoso; Sem Pernas, alimentado por um ódio profundo; Boa Vida, que prefere passar o tempo estirassado na areia e Volta Seca, admirador incondicional de um grupo de assaltantes. Cada um destes meninos é muito particular na sua maneira de ser, mas todos são unidos por um sentimento de companheirismo que os acaba por tornar numa família.
O livro está dividido em três partes: na primeira são apresentados alguns meninos; na segunda aparece uma outra personagem, que de uma maneira ou de outra vai tocar no coração de cada um deles e na última são apresentados os percursos de alguns deles depois de abandonarem o bando.
"Olhou para o trapiche. Não era como um quadro sem moldura. Era como a moldura de inúmeros quadros. Como quadros de uma fita de cinema. Vidas de luta e coragem. De miséria também."